Geração do século 21 é marcada pelo exagero do culto ao corpo
Especial para o Jornal IC
Por Marilena Smith
Em
geral, a adolescência é um período complexo na vida do ser humano
porque ocorrem mudanças hormonais, o descobrimento do próprio corpo e
sexualidade, há dúvidas, vaidade, inseguranças e, atualmente, uma
preocupação excessiva em estar dentro dos padrões de beleza impostos
pela sociedade.
Para
as meninas, o importante é estar dentro do ideal de magreza: manequim
38; Já os rapazes dão valor a ser forte, quanto mais músculoso e
definido for o braço, melhor. Pequenas
insatisfações são aceitáveis e comuns nessa faixa etária, de acordo com
os psicólogos e psiquiatras. O problema começa quando o grau de
insatisfação é elevado, o que hoje em dia é cada vez mais comum dentre
os jovens de 15 a 24 anos.
Cada vez mais a obsessão pelo corpo perfeito
vêm levando os adolescentes a tomarem medidas drásticas, sem se
importarem com a saúde física e mental para atingir determinado
objetivo, isso pode ser observado cada vez mais nos consultórios de
psicologia e psiquiatria, onde o número de pacientes com distúrbios
alimentares, baixa auto estima, compulsão, estresse e depressão é
composto em sua maioria por adolescentes, embora ainda haja um número
considerável de jovens que não se preocupa com a saúde e sejam
sedentários.
Dentre
as várias causas para a busca excessiva do corpo perfeito, podemos
observar que a mais forte é a influência da mídia, que veicula um
estereótipo ideal de beleza: A pessoa bonita é aquela que tem um corpo
bonito, se você não se enquadra dentro de determinado padrão, você é
considerado feio.
“Uma
pessoa bonita é aquela que tem aquele corpo escultural: cintura fina,
pernas grossas e bumbum grande, no caso das mulheres”, afirma Altamira
Vitorino, 26 anos, fisioterapeuta, que treina há cinco anos de três a
quatro vezes na semana após o horário de seu expediente de trabalho, com
o objetivo de manter-se saudável.
A
tamanha veiculação de corpo perfeito pela mídia, a preocupação
excessiva com a imagem de corpo perfeito exposta através dos artistas
praticamente o tempo inteiro pela televisão, além do desejo de parecer
com alguns famosos tomados como ideal de beleza, têm levado cada vez
mais a juventude a recorrer a medidas drásticas, como dietas malucas,
treinos exagerados com aumento de peso sem a permissão do profissional
de educação física, uso de suplementação sem orientação do nutricionista
e remédios para emagrecer sem prescrição médica.
JOVENS NÃO MANTÉM HÁBITOS ALIMENTARES CORRETOS
É
importante a conscientização da juventude de que para obter ou manter
um corpo saudável, é preciso primeiramente procurar profissionais
especializados, seguir suas orientações, jamais querer modificar o
treino ou ingerir algum suplemento ou remédio de acordo com que o amigo
ou outros sugerem, porque além de cada organismo ser único, há muitas
pessoas querendo vender e revender produtos que deveriam ser melhor
fiscalizados, principalmente no caso dos suplementos, além de ter
paciência para a obtenção dos resultados e persistência.
Nos
casos de transtornos alimentares o ideal primeiramente é conseguir
identificar a doença e procurar tratamento com os profissionais o mais
rápido possível. Também é preciso que os pais sejam mais atentos ao
comportamento de seus filhos.
“Talvez,
por trás de cada sintoma e sofrimento do adolescente do século 21,
repleto de transtornos narcisistas, cheios de sofrimentos, usuários de
drogas, hedonistas, portadores de anorexia, bulimia, fobias, histeria,
ou personalidade predominantemente neurótica obsessiva se deva ao medo e
às dificuldades de certos pais complascentes , com pouca resiliência,
que tiveram pouca assertividade e fantasiaram entre si de que se
frustrassem seus filhos, estariam perdendo o seu amor, a qualidade
daquilo que sonharam para seus rebentos..." Explicou a dra Isa Carvalho,
Psicóloga especializada em adolescentes, psicanalista e médica
psicossomática.
Para
os casos de transtornos alimentares, além da influência da mídia devido
ao padrão de beleza estipulado, há várias causas ao longo da formação
do indivíduo, e muitas delas originadas desde a infância. Dentre elas,
há destaque para o erro na orientação da educação praticado pelos pais,
como por exemplo não conseguir dizer não, falta de autoridade e proteção
excessiva para evitar a frustração.
O
aumento considerável do número desses casos ao longo dos anos, não
ocorreu apenas nos consultórios de psicologia e psiquiatria, mas também
nas clínicas de internação porque muitas vezes os transtornos
alimentares estão associados ao consumo de drogas, além dos casos que
muitas vezes são silenciados, escondidos e que não caem na observação
dos pais.
CIRURGIA PLÁSTICA
O culto exagerado do corpo também contribuiu para o aumento da procura das cirurgias plásticas no Brasil pelos jovens, como em nenhum outro país: Pacientes menores de 18 anos já chegam a 13% do total pacientes, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia plástica. A estatística é do ano de 2009 de acordo com uma pesquisa da sociedade paraibana de cirurgia plástica; além de um considerável aumento do número de casos de pacientes com distúrbios alimentares.
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